Este é o tipo de texto que dificilmente alguém vai lê-lo até
o final na internet, pois ultrapassa 140 caracteres, isto é, todo o tempo que
temos, hoje, favorecido pela tecnologia exige que tenhamos menos tempo,
inclusive olhar o outro nos olhos e parar para escutá-lo, falta tempo. A cada
dia que se passa a humanidade parece estar cada vez mais artificial; eu disse:
parece, não afirmo nada. Nesta época vivida é até possível comprar amor pela
internet. Como?! Alguém pode questionar com tom exclamativo. E eu responderei:
pare e observe mais, pois os seus passos estão muito apressados!
Fonte da imagem: http://www.mac.usp.br |
Vivemos em tempos individuais; vivemos! Mas isto não quer
dizer que sejamos; e somos! O ser humano carrega em si o desejo individualista
implícito. Tantas vezes vejo no olhar das pessoas a felicidade maldosa quando
escuta do outro que não está bem. Por que será que existem felicidades assim?;
se possamos chamar isso de felicidade. E o desejo de ter se faz presente cada
vez mais no ser que chamamos de humano. E o desejo de ser cada vez mais
desaparece.
Como falei no início, que dificilmente alguém faz a
leitura completa de um texto que ultrapassa os 140 caracteres na internet;
neste terceiro parágrafo já estou escrevendo sem saber se existe algum leitor.
É possível que exista, sim. Mas vamos voltar ao que estávamos comentando. Falo
comentando, pelo motivo de o texto ser um diálogo de quem escreve com quem vai
ler, quando lido. E é isso que faço, procuro dialogar, muitas vezes com alguém
que eu nem conheço. Este é o ofício de quem escreve, a solidão. Uma solidão
satisfatória, cheia de graça, assim como o amor que é compartilhado sem nada
cobrar.
Vivemos numa época tão caótica que ao sermos gentis, ao
fazer algo bom para alguém, causa desconfiança. É importante que sejamos
cautelosos. É importante que sejamos observadores, sim! Mas não podemos
esquecer que flores têm espinhos, e o que é mais importante delas não são as
pétalas e sim a essência. É de suma relevância não perdemos a sensibilidade.
Precisamos beijar a pessoa amada com os mesmos lábios que beijamos o espelho. E
não importa que seja por um momento apenas, pois a pena de quem ama é
simplesmente amar.
Fonte da imagem: http://controversia.com.br |
A correria louca e brusca que a sobrevivência exige não
pode ser maior do que o ar que respiramos. Existe tempo para tudo: para amar,
para sorrir, para brincar, para respeitar e para ser respeitado, para dormir e
para acordar, para amar e para ser amado, para sentir e para ser sentido, para
doar e para receber. Existe tempo para tudo, inclusive para morrer. Sim, não
fique triste, amigo leitor; isto é, se existe um leitor, já que estamos, ou
estou no quinto parágrafo. E talvez o tempo para morrer seja um dos mais
importantes da nossa vida. Estranho, né?
É claro que é estranho!
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