terça-feira, 27 de agosto de 2013

Sarau poético


REPORTAGEM RETIRADA DO SITE: PERIFERIA EM MOVIMENTO (Por
Thiago Borges)

REPORTAGEM: Nas quebradas, a literatura chega de busão


Gente observando da janela, em cima da laje, da mesa do bar, ou enquanto passa pela rua. Na última quinta-feira (29 de agosto), o Sarau Poético chamou a atenção dos moradores do Jardim Olinda, na zona sul de São Paulo. 

Realizado em uma praça, o sarau integra o roteiro do Ônibus Biblioteca, um projeto da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo com o objetivo de tornar a literatura acessível à população em lugares onde não há bibliotecas físicas. 

Em toda cidade, 12 ônibus equipados com um acervo de 1.000 livros infanto-juvenis e adultos de diversos gêneros, além de jornais e revistas, percorrem os extremos paulistanos. Os moradores podem pegar exemplares emprestados e devolver ou renovar na semana seguinte, quando o ônibus faz uma nova parada.

Cada ônibus cumpre seis roteiros diferentes por semana, de terça a domingo, das 10hs às 16hs. E geralmente vêm acompanhados de alguma atração cultural.

Incluído na programação do 3º Encontro Estéticas das Periferias, um dos Ônibus Biblioteca circulou pela zona sul com o Sarau Poético.

No início dos anos 90, eu já fazia atividades na rua mas depois parei. Fiquei muito feliz com a possibilidade de fazer poesia na rua”, diz Maria Vilani, professora e fundadora do Centro de Arte e Promoção Social (Caps) do Grajaú, além de ser uma das três integrantes do sarau criado em 2012 na mesma região. “Quem tem alguma coisa a acrescenter, tem que levar aonde o povo está”.

Qualquer projeto que leve a leitura para a sociedade é de grande relevância, por conta da construção de uma sociedade mais crítica”, aponta Adenildo Lima, outro membro do sarau.

Além da poesia, as apresentações do Sarau Poético também contam com música – a cargo de Diego Muñoz. “As artes são valores agregados, uma dialoga com a outra”, conclui.

 Para acessar as fotos tiradas por Thiago Borges, o mesmo que escreveu o texto, consultar a fonte:

http://periferiaemmovimento.wordpress.com/2013/09/01/reportagem-nas-quebradas-a-literatura-chega-de-busao/




1° Dia do Sarau poético com: Maria Vilani, Diego Muñoz e Adenildo Lima. Hoje foi o primeiro dia, temos apresentações até domingo, abaixo da foto deixo o link.


Créditos da foto: Roberto Lima

Rua Epaminondas Neri da Silveira, altura nº 48, Vila da Paz. Interlagos. SP

http://editoradagente.com.br/eventos.html


2° dia do Sarau poético Maria Vilani, Diego Muñoz e Adenildo Lima.



Créditos da foto: João Paulo de Melo

Local: Rua João Ferreira da Silva, 99 - Jd. Sta Margarida (Jardim Ângela) - SP
Horário: 12h30 às 13h30

http://editoradagente.com.br/eventos.html 


 3° dia do Sarau Poético:  Maria Vilani, Diego Muñoz e Adenildo Lima


Créditos da foto: Seu Cleon

Local: Rua Cardoso Moreira, 551 - Jardim Olinda - Campo Limpo, SP.
Horário: 12h


http://editoradagente.com.br/eventos.html


4°  dia do Sarau Poético:  Maria Vilani, Diego Muñoz e Adenildo Lima


Créditos da foto: João Paulo de Melo

Local: Rua Bilac, altura do nº 3865 da Av. Dona Belmira Marin, Grajaú, SP.
http://editoradagente.com.br/eventos.html

5° dia do SARAU POÉTICO:  Maria Vilani, Diego Muñoz e Adenildo Lima



Créditos da foto: Roberto Lima

Local:   Parelheiros - Jardim Ramala - Av. Paulo Guilguer Reimberg, altura nº 80, esquina Av. Sen. Teotônio Vilela, em frente ao Terminal Varginha, Praça do Trabalhador.


 
 5° dia do SARAU POÉTICO:  Maria Vilani, Diego Muñoz e Adenildo Lima



 Créditos da foto: Roberto Lima

Local:   Parelheiros - Jardim Ramala - Av. Paulo Guilguer Reimberg, altura nº 80, esquina Av. Sen. Teotônio Vilela, em frente ao Terminal Varginha, Praça do Trabalhador.



 5° dia do SARAU POÉTICO:  Maria Vilani, Diego Muñoz e Adenildo Lima






 Créditos da foto: Christiane Duarte

Local:   Parelheiros - Jardim Ramala - Av. Paulo Guilguer Reimberg, altura nº 80, esquina Av. Sen. Teotônio Vilela, em frente ao Terminal Varginha, Praça do Trabalhador.

sábado, 24 de agosto de 2013

Entre entranhas...

Um dia pensei o amor entre as entranhas da vida. Pensei! E na ânsia de querê-lo, corri à sua procura. Corri tanto, tanto e tanto. Quando estava bem cansado, lembrei do que eu tinha pensado antes: Eu tinha pensado o amor entre as entranhas da vida.

Um bom final de semana para todos...

Adenildo Lima


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Aline

Você me pergunta se estou bem. Sim, estou, respondo. O seu olhar me olha. E o meu também. Se passaram dez anos. Ouço a sua voz. Sim, dez anos, confirmo. Era muito bom aquele tempo. Todos os tempos são bons; em alguns, nós que não sabemos aproveitá-lo, falei. Concordo, disse ela, e acrescentou dizendo que a vida passa muito rápido. Depende, disse com um olhar questionador. Nossa! Lembro cada momento que vivemos juntos. A gente se amava tanto, né, Edgar? Talvez sim, talvez não, Aline, nem sempre vivemos o mesmo amor. É, concordo, disse ela.

Mas você está bem, Edgar? Sim, estou, Aline. E ela me olhou mais uma vez. Seus olhos sorriam para mim e seu semblante parecia a pétala de uma flor quando cai na água. É, talvez ninguém nunca tenha observado isso, pensei, ali diante dela. Dez anos se passaram quase sem serem percebidos. E ela insistia em perguntar se eu estava bem. Nem eu mesmo sabia se estava. Mas respondia que sim. Dela, acho que só guardei o nome. Amava o nome dela. Soava doce aos meus ouvidos. Às vezes eu até repetia: Aline.

Ali, diante de mim ela estava. Vinte e oito anos. E eu, trinta e dois. Há dez anos fomos completamente apaixonados. Brincávamos como crianças. E éramos. Sendo sincero, menti ao falar que só guardei o nome dela. Não! Sempre tive a imagem dela muito forte em minha imaginação; inclusive o cheiro do seu corpo que me fazia tão bem. Lembro até a primeira vez que fizemos amor, foi tão inusitado. Ficamos com vergonha de ficarmos nus. Mas tudo aconteceu com muito carinho e, claro, amor!

Edgar, preciso ir, o voo se aproxima. Já?, perguntei. Sim, disse ela. Abraçou-me. Senti seu cheiro adentrando minhas narinas e o seu corpo junto ao meu. Saudades, Aline, falei. Seria muito bom se você fosse conhecer minha família, tenho uma filha e um esposo bem simpático, disse ela. Abri um ar de risos, e nada respondi. Confesso que senti um pouco de ciúmes ao ouvir.

E ali no corredor do aeroporto, falei comigo mesmo: o importante é que estamos bem. Triste de quem deixa a vida passar. Nós vivemos bem, e é por isso que sentimos saudades.

Aline... este nome é tão doce, falei comigo mesmo no silêncio de quem observa a pessoa amada partir...

Adenildo Lima

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Enquanto amanhecia

Era quase manhã de um dia prestes a nascer. O sol deslumbrava-se por detrás das montanhas, e os seus raios adentravam a floresta, vindo de encontro a mim e a ela naquele amanhecer. Sim, amigo leitor, este texto será escrito para falar Dela. Recordo cada momento, cada instante vivido; e o tempo vivido foi tão pouco, se formos contar através dos ponteiros de um relógio. E até hoje eu insisto em dizer que foi amor.

Os pássaros cantavam, as galinhas ciscavam o chão no terreiro da casa, e o galo batia as asas e cantava como se estivesse dizendo: "bom dia ao novo dia". E todos os dias são um novo nascer, sonhar... ao abraçar com a esperança o sorriso ensejado por nós. E lá, enquanto o sol nascia, poeticamente falando, a rede me balançava trazendo o sabor e gosto dos lábios dela. Levantei-me!

Sim, amigo leitor, ao levantar saí contemplando a manifestação de deus, ali, presente na natureza. Lavei o rosto, escovei os dentes, olhei mais uma vez os raios do sol e fiquei encantado. Algumas pessoas tomavam café, outras brincavam, e outras mais, tomavam banho. E diante de tudo eu não conseguia esquecer o olhar diante dos meus olhos, Dela. E com um sorriso tão aconchegante!

A noite, amigo leitor, foi cheia de poesia. Tomamos vinho, ao lado de uma fogueira, tocamos violão e conversamos e conversamos. E entre uma conversa e outra, o frio da madrugada aproximava o meu corpo ao dela, o dela ao meu. Naquele encostar de corpos e carícias de mãos, nossos lábios se encontraram. E os olhos que se observavam, fecharam-se para permitir que o amor fosse visto pelo toque, pelo sentir da pele.

E foi tudo muito rápido. As nossas almas se abraçaram, poeticamente falando, e os corpos que se beijavam passaram-se a ser apenas um, no fogo ardente da paixão, que hoje chamo de amor.

Sei que o dia amanheceu, ela não estava mais presente. Saiu sem se despedir e, aqui, guardo o sabor da eternidade de um momento de amor.

Já o sol, continua brilhando e encantando os corações apaixonados...

adenildo lima

domingo, 11 de agosto de 2013

Sarau poético: Acessem o link abaixo e confiram...

SARAU POÉTICO

Com Maria Vilani, Adenildo Lima e Diego Muñoz

http://www.editoradagente.com.br/eventos.html 


SARAU POÉTICO

Com Maria Vilani, Adenildo Lima e Diego Muñoz

O objetivo principal do Sarau é compartilhar com o público a essência da poesia como parte integrante da própria vida. E, através das declamações de poemas e da harmonia musical, constrói-se o diálogo poético e reflexões sobre a poesia e o próprio ser humano, tornando o evento dinâmico e atraente para todos.



  • 27.08.13 (ter), 12h – Ônibus-Biblioteca - Vila da Paz (Zona Sul)
  • 28.08.13 (qua), 12h30 – Ônibus-Biblioteca - Jd. Sta Margarida (Zona Sul)
  • 29.08.13 (qui), 12h – Ônibus-Biblioteca - Jardim Olinda (Zona Sul)
  • 30.08.13 (sex), 13h – Ônibus-Biblioteca - Grajaú (Zona Sul)
  • 31.08.13 (sáb), 11h – Ônibus-Biblioteca - Jd. Ramala (Zona Sul)
  •  
  •  
  • Fonte: http://www.editoradagente.com.br/eventos.html 
  •  
  • http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/onibus_biblioteca/index.php?p=9610 
  • Coisas de ontem, crônica de hoje (O fazedor de coisas – Márcio Ahimsa)

    Quando eu era menino olhava para o chão e imaginava um imenso buraco. Espremia os olhos e me via na miopia do amanhã usando óculos em pequenas armações de arame. Essa era a minha resposta para o futuro. O que eu queria ser quando crescer. Queria ser, acima de tudo, fazedor de coisas. Dessas coisas todas, a maior era poder resolver os problemas, espantar os medos com a coragem que aprendi aos poucos pelas ruas de paralelepípedo da minha cidade. Ali, com poucas ruas e tomada de morros cobertos de relva por todos os lados e banhada por um rio, eu tinha certeza que era o centro do mundo. Meu mundo foi sempre assim: uma vastidão imensa partindo apenas de um pequeno ponto de vista, que era o que eu enxergava para além do meu quintal sem cercado. E era um mundo imenso. Meu pai carpinteiro me trouxe meu segundo presente mais precioso: um caminhãozinho de madeira que ele mesmo fizera quando trabalhava fazendo as armações de ripa para colocar o telhado da escola aonde, depois, eu viria a descobrir as primeiras letras. E, como a ocasião é quem faz, nesse caso, o fazedor de coisas, eu passei a construir meus próprios brinquedos. Caminhõezinhos de carroceria de madeira e a cabine feita de lata de óleo. Os pneus de borracha de chinelas havaianas velhas que catava em terrenos baldios. Por volta das seis horas da tarde, eu via toda aquela meninada vindo da escola com seus cadernos de brochura por debaixo do braço, ora ensacolados com embalagem de arroz, ora com embornal feito de pano. Eu já tinha sete anos de idade. Perguntava para minha mãe porque eu também não estava na escola como as outras crianças. Ela respondia que eu era muito pequenino. E era mesmo. Mas insisti muito e ela me matriculou e assim me ingressei com oito anos de idade na primeira série. Na hora do recreio a meninada sempre fazendo suas estripulias. Eu era aquém àquilo tudo. Não gostava. Encantava-me mesmo era a biblioteca da escola e seu imenso acervo, que depois ficou pequeno para mim. Li quase todos os livros. Quando chegava à minha casa, primeiro fazia a lição. Depois sim, brincava com meus amiguinhos da rua. Minha avó preta, dona Quelé , sempre contava histórias de lobisomem, saci e mula sem cabeça. Eu ficava com um medo danado, mas não me furtava a escutá-las. Era mais forte do que eu o encantamento que me causavam. Depois, lendo mais ainda, descobri que eram lendas criadas pelo imaginário popular de gente muito antiga. À beira do terreiro é que as horas passavam depois do jantar, olhando as estrelas e ouvindo o coaxar dos sapos que se hospedavam no fundo do quintal de casa, que era meio brejado. O fogão de casa era de lenha que a gente mesmo buscava nas matas aos arredores da cidade. As trilhas cheias de carrapicho eram os labirintos que me ensinavam sempre a descobrir que havia uma saída. Na miséria minha de cada dia, descobri todas as riquezas que hoje cultivo no âmago da minha alma. Eu era feliz. Era como um passarinho que podia explorar o mundo sem nenhum medo. As ruas não tinham muros, a porta de casa estava sempre aberta. O fogão era de barro, e na sala tinha a mesa com cadeiras de madeiras que meu pai mesmo fazia e, que hoje, valem uma fortuna: móveis rústicos.  E tudo que antes era considerado pobre, hoje é ornamento caro nos maiores stands de decoração. Acho que é por isso que conservo minha alma com a mesma essência daquelas coisas todas. Minha mãe tinha uma horta. Eu também tinha uma. As pessoas da época davam o maior valor para os enlatados e coisa e tal. E hoje tem muita gente ganhando dinheiro com produto orgânico. Merda de vaca dava um nojo, mas hoje é esterco de primeira qualidade para o cultivo de hortaliças que enfeitam as melhores bancadas de supermercado. Acho que é por isso que sou tão resistente às unanimidades. Alheio a tudo que envolve opinião pública e que abarca o pensamento de multidões como se o ser humano pudesse ser resumido apenas numa única forma de pensar. Não gosto de ideais, gosto de ideias distintas. Lá no meu infinito particular, no meu não tão distante tempo de outrora, ainda menino, vejo o mundo como uma mão e um boneco de fantoche onde a primeira pode ser resumida na vontade de construir a face de um povo com base no interesse de seu manipulador e o segundo é esse povo que age conforme move a mão. Eu nunca fui inocente. E hoje muito menos ainda. Agora, em meio à selva de pedra no gigantismo da megalópole, eu inventor de pequenos arranjos que desenho na minha imaginação para driblar os muros e os cercados da modernidade, continuo imaginando o imenso buraco à minha frente e tentando descobrir qual será a armação para os óculos quer irei usar para saltá-lo. Eu sou fazedor de coisas, afinal obstáculos nunca me foram tão grandes diante da minha capacidade de criar máquinas para demoli-los. Por isso estou aqui hoje, ileso, sem rupturas no meu coração, sem cicatrizes na minha pele, apenas as mãos cheias de calos por construir portas para eu entrar e sair à hora que eu bem quiser.

    Márcio Ahimsa

    Fonte: http://tecerpalavras.blogspot.com.br/2013/08/coisas-de-ontem-cronica-de-hoje-o.html