Qual o seu nome?, perguntou Severino.
Diante de sua pergunta o olhar da jovem parou por um instante. Olhou fixamente para Severino. Não queria responder? Sentiu vergonha de falar o nome? Não se sabe. Por que sentiria? Não existe nome feio. Somos nós que criamos uma narrativa de vida capaz de fazer com que o nome seja exposto e visível na face, no olhar. E o conceito de beleza é relativo.
As pessoas se tornam belas conforme sua essência, sua história. Não posso acreditar que aquela jovem sentia vergonha do próprio nome. Ter vergonha do nome é envergonhar-se de si mesmo. Os preconceitos caricaturados na sociedade não podem ser a base para o Eu de cada indivíduo.
Severino olhou intensamente para ela. Tudo isso ocorreu em questão de segundos. Segundos esses que falaram muito para ele. Sim, é claro, Severino é uma pessoa estudada, sensível à existência capaz de perceber as sensações sentimentais do outro em uma simples olhadela.
Será que ela não vai falar seu nome?, ficou se perguntando Severino. O que pode levar alguém a acanhar-se de si mesmo? Tantas perguntas ficaram rondando a cabeça dele.
E, com uma rapidez na pronúncia, como se não quisesse que Severino entendesse, disse:
Severina. E o seu?
Adenildo Lima
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