Não. Não vou falar do país do
futebol. Sim, vou falar do Brasil visto no olhar das pessoas, na poesia do
sorriso de cada uma. O povo brasileiro é acolhedor. O povo brasileiro é alegre.
O povo brasileiro é sofrido. O povo brasileiro sonha, e mesmo depois de quinhentos
e poucos anos de existência acredita que pode estar entre os países ditos de
primeiro mundo. E já deveríamos estar há séculos – na educação, na arte, na
cultura.
O Brasil também é o país do
futebol, sim. Tem cinco títulos e hoje se encontra entre os quatro melhores do
mundo. Mas, por outro lado, o Brasil precisa deixar de ser o país do futebol
apenas. Não é com as pernas que se sobem as escadas. Todo o nosso corpo é
movido pelo cérebro, pelo sangue que corre nas veias fazendo bater o coração. Precisamos
ficar entre os quatro melhores do mundo na educação. E como já seria
maravilhoso!
Vivemos num país que nos últimos
anos já tirou da miséria milhões de brasileiros. Que, aos poucos, já conseguiu
colocar nas universidades milhões de homens, mulheres e jovens. O Brasil de
hoje caminha para ganhar a taça do mundo, ao começar a acreditar que se não
investir na educação seremos sempre os últimos. O nosso Brasil está sendo
aplaudido no mundo todo pelo espetáculo mundial organizado aqui. O Brasil não
pode chorar por ter perdido a semifinal da copa do mundo. E pode, quem disse
que não?
O futebol brasileiro é alegre, é
espetacular, mas é um jogo. E jogo se ganha e se perde. Observei as lágrimas
das crianças, em desespero ao presenciarem a derrota da seleção brasileira. Nós
precisamos aplaudir uma criança que chora sim, pois elas estão acreditando e
querendo um país vencedor. E nós precisamos falar para essas crianças que todos
os países do mundo só venceram mesmo quando acreditaram na educação, na arte,
na cultura. E essas crianças sim, precisam saber disso.
Observei também as lágrimas de
alguns jogadores, entre eles o David Luiz. É claro que eles queriam dar um
pouco de alegria para todos nós brasileiros. Precisamos entender que eles
fizeram a parte deles. Fizeram sim! É ruim perder? Depende. Tudo ou quase tudo
tem seu lado bom. Eu também assisti a todos os jogos, e torci. Queria que
aqueles meninos levantassem a taça. E eles acreditaram que podia. Por outro
lado, parece que nós brasileiros queríamos que eles se sentissem na obrigação
de ganhar e ganhar como se eles fossem responsáveis por um grito de felicidade
em nossas vidas. Muita responsabilidade para os jovens jogadores.
A emoção foi forte, a torcida
aplaudiu, cantou o hino. Sentiu-se orgulhosa. David Luiz chorou. Chorou um
choro de quem deu tudo o que tinha, tudo o que podia. O técnico Luiz Felipe Scolari
trouxe a responsabilidade da derrota para si. Ele sabe que esses jovens que
tanto acreditaram que podiam ganhar a copa jogando em casa vão sofrer por muito
tempo, a tal pressão.
A sociedade não gosta de quem
perde. E isso não é bom. Precisamos aprender a valorizar o ser humano em sua
essência humana. Não podemos ficar esperando que a nossa alegria sempre venha
do outro ou dos outros. Que tal aprendermos a fazer a leitura de um livro para
as nossas crianças? Que tal lermos um pouco de poesia todos os dias?
Precisamos sim, lutar para sermos
o país que fique sempre entre os primeiros na educação no mundo. Precisamos
sim, aprender a valorizarmos os nossos escritores, os nossos professores, os
nossos artistas. Precisamos ler. Precisamos ter o esporte sim, em suas diversas
categorias. Precisamos sim, valorizar o esporte nacional.
Mas, aqui entre nós, precisamos urgentemente
de educação e um pouco mais de poesia.
Adenildo Lima
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