Amigo
leitor e amiga leitora, deixo este aviso: todo este texto discorrerá sob as
lágrimas de Natali Velásquez.
Lágrimas
parecem água, mas não são. Por detrás existe todo um sentimento que move a
existência daquela pessoa. Agora até que ponto elas são boas ou ruins, tão
pouco sabemos.
Natali
não é brasileira. Mas sempre que pode visita o Brasil. Ela é de um país
europeu. O nome desse país? Tão pouco interessa. Ela é jovem, cheia de vida. E carrega
no próprio olhar a sensibilidade da mulher que ama em pleno século 21.
Palavra
essa que sempre deixa um questionamento para todos: o que é o amor?
É
uma tarde de sexta-feira, Natali sai com alguns amigos e amigas para saborear o
final do dia que, aos poucos, abraça a noite entre palavras degustadas num gole
de cerveja. A vida, como sabemos, ou talvez poucos saibam, é uma corrida para
um lugar que nunca sabemos se vamos chegar ou se tem algum ponto de chegada.
O
ser humano, talvez o único Ser que luta para ser feliz, e por isso tão poucos o
são, confunde, na maioria das vezes, felicidade com sentimentalismo, e esquece que
o simples ato da felicidade se encontra em poder estar bem.
Natali
olha uma cena qualquer, que infelizmente é natural na cidade de São Paulo, e
nas muitas cidades do mundo: alguém lutando para defender o que lhe transmite
felicidade. Quanto vale um mendigo no capitalismo esdrúxulo, no sentido mais devorador
possível, que divide o seu único momento de felicidade com um ou com dois cães nas
calçadas das metrópoles?
Por
outro lado, pergunta esse narrador: quanto vale os cães que vivem com aquele
mendigo?
Uma
lágrima cai. Duas lágrimas caem. Três, quatro, cinco lágrimas caem. O rosto de
Natali encontra-se fanado pelas lágrimas que acariciam sua face. O homem, sim,
o homem, pois este narrador sempre enxerga alma nos corpos humanos que
perambulam pela cidade; o homem grita na cara de uma mulher que tenta tirar
dele os cães.
“Vocês
estão invadindo o meu espaço”. E não podemos esquecer que o espaço é público,
pois ele tem direito. “Vocês estão tirando a minha felicidade”. “Vocês não respeitam
a felicidade do outro”. “Que seres são vocês?”. E ele continua lutando pela sobrevivência.
Lutando pela felicidade compartilhada com os únicos seres vivos que dão sentido
a sua existência. Mas alguém muito bom tenta tirar os cachorros dali para que
eles não sofram. Lembre-se, este narrador diz, tirar os cachorros. O mendigo
quanto vale? E os cães quanto valem?
Os
dois cachorros encostam-se à parede e, assustados, observam todo o
acontecimento.
E Natali chora e chora e chora...
Só
não se sabe se suas lágrimas foram derramadas pelos cães ou pelo ser humano,
ali, abandonado, jogado na calçada, sem moradia, sem comida e sendo ameaçado de
perder seu único sentido de vida: a companhia de seus dois amigos cães.
Pois
é, amigo leitor e amiga leitora, quanto vale o ser humano hoje diante de um
cão?
Adenildo
Lima
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