quarta-feira, 9 de julho de 2014

O nosso Brasil não pode ser apenas o país do futebol

Não. Não vou falar do país do futebol. Sim, vou falar do Brasil visto no olhar das pessoas, na poesia do sorriso de cada uma. O povo brasileiro é acolhedor. O povo brasileiro é alegre. O povo brasileiro é sofrido. O povo brasileiro sonha, e mesmo depois de quinhentos e poucos anos de existência acredita que pode estar entre os países ditos de primeiro mundo. E já deveríamos estar há séculos – na educação, na arte, na cultura.

O Brasil também é o país do futebol, sim. Tem cinco títulos e hoje se encontra entre os quatro melhores do mundo. Mas, por outro lado, o Brasil precisa deixar de ser o país do futebol apenas. Não é com as pernas que se sobem as escadas. Todo o nosso corpo é movido pelo cérebro, pelo sangue que corre nas veias fazendo bater o coração. Precisamos ficar entre os quatro melhores do mundo na educação. E como já seria maravilhoso!

Vivemos num país que nos últimos anos já tirou da miséria milhões de brasileiros. Que, aos poucos, já conseguiu colocar nas universidades milhões de homens, mulheres e jovens. O Brasil de hoje caminha para ganhar a taça do mundo, ao começar a acreditar que se não investir na educação seremos sempre os últimos. O nosso Brasil está sendo aplaudido no mundo todo pelo espetáculo mundial organizado aqui. O Brasil não pode chorar por ter perdido a semifinal da copa do mundo. E pode, quem disse que não?

O futebol brasileiro é alegre, é espetacular, mas é um jogo. E jogo se ganha e se perde. Observei as lágrimas das crianças, em desespero ao presenciarem a derrota da seleção brasileira. Nós precisamos aplaudir uma criança que chora sim, pois elas estão acreditando e querendo um país vencedor. E nós precisamos falar para essas crianças que todos os países do mundo só venceram mesmo quando acreditaram na educação, na arte, na cultura. E essas crianças sim, precisam saber disso.

Observei também as lágrimas de alguns jogadores, entre eles o David Luiz. É claro que eles queriam dar um pouco de alegria para todos nós brasileiros. Precisamos entender que eles fizeram a parte deles. Fizeram sim! É ruim perder? Depende. Tudo ou quase tudo tem seu lado bom. Eu também assisti a todos os jogos, e torci. Queria que aqueles meninos levantassem a taça. E eles acreditaram que podia. Por outro lado, parece que nós brasileiros queríamos que eles se sentissem na obrigação de ganhar e ganhar como se eles fossem responsáveis por um grito de felicidade em nossas vidas. Muita responsabilidade para os jovens jogadores.

A emoção foi forte, a torcida aplaudiu, cantou o hino. Sentiu-se orgulhosa. David Luiz chorou. Chorou um choro de quem deu tudo o que tinha, tudo o que podia. O técnico Luiz Felipe Scolari trouxe a responsabilidade da derrota para si. Ele sabe que esses jovens que tanto acreditaram que podiam ganhar a copa jogando em casa vão sofrer por muito tempo, a tal pressão.

A sociedade não gosta de quem perde. E isso não é bom. Precisamos aprender a valorizar o ser humano em sua essência humana. Não podemos ficar esperando que a nossa alegria sempre venha do outro ou dos outros. Que tal aprendermos a fazer a leitura de um livro para as nossas crianças? Que tal lermos um pouco de poesia todos os dias?

Precisamos sim, lutar para sermos o país que fique sempre entre os primeiros na educação no mundo. Precisamos sim, aprender a valorizarmos os nossos escritores, os nossos professores, os nossos artistas. Precisamos ler. Precisamos ter o esporte sim, em suas diversas categorias. Precisamos sim, valorizar o esporte nacional.

Mas, aqui entre nós, precisamos urgentemente de educação e um pouco mais de poesia.


Adenildo Lima