segunda-feira, 29 de julho de 2013

Náusea pós-moderna

Este é o tipo de texto que dificilmente alguém vai lê-lo até o final na internet, pois ultrapassa 140 caracteres, isto é, todo o tempo que temos, hoje, favorecido pela tecnologia exige que tenhamos menos tempo, inclusive olhar o outro nos olhos e parar para escutá-lo, falta tempo. A cada dia que se passa a humanidade parece estar cada vez mais artificial; eu disse: parece, não afirmo nada. Nesta época vivida é até possível comprar amor pela internet. Como?! Alguém pode questionar com tom exclamativo. E eu responderei: pare e observe mais, pois os seus passos estão muito apressados!


Vivemos em tempos individuais; vivemos! Mas isto não quer dizer que sejamos; e somos! O ser humano carrega em si o desejo individualista implícito. Tantas vezes vejo no olhar das pessoas a felicidade maldosa quando escuta do outro que não está bem.  Por que será que existem felicidades assim?; se possamos chamar isso de felicidade. E o desejo de ter se faz presente cada vez mais no ser que chamamos de humano. E o desejo de ser cada vez mais desaparece.


Como falei no início, que dificilmente alguém faz a leitura completa de um texto que ultrapassa os 140 caracteres na internet; neste terceiro parágrafo já estou escrevendo sem saber se existe algum leitor. É possível que exista, sim. Mas vamos voltar ao que estávamos comentando. Falo comentando, pelo motivo de o texto ser um diálogo de quem escreve com quem vai ler, quando lido. E é isso que faço, procuro dialogar, muitas vezes com alguém que eu nem conheço. Este é o ofício de quem escreve, a solidão. Uma solidão satisfatória, cheia de graça, assim como o amor que é compartilhado sem nada cobrar.


Vivemos numa época tão caótica  que ao sermos gentis, ao fazer algo bom para alguém, causa desconfiança. É importante que sejamos cautelosos. É importante que sejamos observadores, sim! Mas não podemos esquecer que flores têm espinhos, e o que é mais importante delas não são as pétalas e sim a essência. É de suma relevância não perdemos a sensibilidade. Precisamos beijar a pessoa amada com os mesmos lábios que beijamos o espelho. E não importa que seja por um momento apenas, pois a pena de quem ama é simplesmente amar.


A correria louca e brusca que a sobrevivência exige não pode ser maior do que o ar que respiramos. Existe tempo para tudo: para amar, para sorrir, para brincar, para respeitar e para ser respeitado, para dormir e para acordar, para amar e para ser amado, para sentir e para ser sentido, para doar e para receber. Existe tempo para tudo, inclusive para morrer. Sim, não fique triste, amigo leitor; isto é, se existe um leitor, já que estamos, ou estou no quinto parágrafo. E talvez o tempo para morrer seja um dos mais importantes da nossa vida. Estranho, né?

É claro que é estranho!

Mas saiba que o mais importante da vida é que ela seja vivida...

adenildo lima



  

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Maria

Existem tantas Marias. Sim, eu sei!
Mas uma sempre marca a nossa vida.
A minha é diferente. E falarei!
Falarei da vida e não da despedida.

Oh, Maria! O silêncio é o que proclamarei!
O amor e o beijo na face na saída.
Foi tudo muito rápido; o que direi?!
Tua face ali, gélida, adormecida.

Em mim o silêncio se fez presente.
Momento fulminante a levou. Enfim,
Nessa hora o amor é dor e calmante

Numa calmaria gritante, quente e fria.
Maria! Sangue do mesmo sangue assim:
Enfim, guardo de ti o olhar que a mim, ria.

adenildo lima

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Uma canção de amor

Deixe-me cantar. Sei que cantando posso abraçar a sua alma com o toque mais íntimo que os versos de um poema nos abraçam. Deixe-me cantar uma canção de amor! Mesmo que seja apenas uma canção de amor. Sim! E como seria bom se cantássemos juntos uma canção. E que seja uma canção de amor sem voz, sem palavras, sem gestos; apenas com o abraçar dos nossos olhares. Ah, deixe-me que os nossos olhos se abracem. Mas não esqueça de cantar para mim, também, uma canção de amor, de amor. Sim... e que seja uma canção de amor...

Adenildo Lima

terça-feira, 23 de julho de 2013

Pedras e flores

Vejo o seu olhar no espelho. E ele se parece muito com o meu. E você também dirá que esses olhos no espelho são seus. Penetrante como a própria vida, o semblante busca forças para caminhar. Por um deslize um sorriso mistura-se com uma lágrima que cai pela face fanada. E parece que nada naquele momento tem ou faz sentido. Sim! O olhar envergonha-se do próprio olhar procurando um pouco de sensibilidade humana que, muitas vezes, encontrada no silêncio de uma pedra.

O corpo sente-se cansado, abalado, emergido do próprio eu. E tudo o que aquele olhar quer em seus momentos ensejantes, é amor. E ama! Mas ao olhar no espelho enxerga a desilusão perdida em uma esquina no olhar de uma menina ou de um menino, pois já não se sabe quem é, porque poucas vezes conseguimos adentrar o outro; a sua realidade, que não deixa também de ser nossa.

E tudo o que o olhar procura e busca é amor. Mas os motores das máquinas são fortes e aos poucos tomam lugar das batidas de um coração...

adenildo lima

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Jardim das flores

Quando a madrugada caiu Júlia apressou os passos, queria chegar ao jardim das flores. Nunca tinha conseguido das flores a essência, por isso quis aproveitar a garoa com o silêncio das três horas da madrugada.

Júlia era uma menina, a idade não lembro, mas já tinha mais de dezoito anos. Lia poemas e gostava de música instrumental. Tinha no olhar o jeito mais sedutor que possamos imaginar. E foi por isso que eu não resisti aos seus encantos e magia que só o olhar de uma mulher pode transmitir.

Mas o que ela queria mesmo era sentir a essência das flores. E por um instante juntos, disse ela, descobri que das flores o que importa mesmo é o beijo, já que é possível sentir o abraço da alma.

Adenildo Lima

Por um momento de reflexão

Ah, deixe-me dizer que os sonhos são escadas. E sendo escadas, é necessário subir os degraus, e com cuidado, pois é perigoso cair.

adenildo lima